Escrita criativa, Tales of the past

The Tale of Ragnar’s Sons

In Sigurd’s snake eye one could see
back to when his father, the king
drew his last breath
and this Earth he left
with a riddle of death:

“How the little piggies will grunt
when they hear how the old boar suffered”
said he
Words mistaken for those of an old fool
for an old fool he taught himself to be
but how could a fool’s last words affront
the high lords of the rich lands across the sea? Continuar a ler

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Short stories, Tales of the past

Órla

Quando Órla Mag Uidhir nascera, saudou o mundo com gritos a plenos pulmões, tão fortes que lhe ruborizavam as gordas bochechas, explodindo de energia e saúde. Os pais, Fearghus e Eithne Mag Uidhir regozijaram-se perante o nascimento deste primeiro bebé tão desejado e juntaram toda a gente da sua aldeia num banquete que, apesar de modesto, durou três dias e duas noites. Durante todo esse tempo, comeram, beberam, riram alto e a bom som, jogaram jogos, tocaram e ouviram música. Foi um acontecimento que todos eles recordariam durante muito tempo.

Dezasseis anos depois, o banquete e o próprio nascimento de Órla Continuar a ler

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Dúvidas existenciais, Escrita criativa

703

Naquela noite fria de Inverno, corriam-lhe pesadas gotas de água de chuva pelo pára-brisas do carro em que se encontrava no lugar ao lado do condutor, nunca no lugar do condutor.
As lágrimas que ameaçavam transbordar pela margem da barreira que havia criado nos seus olhos, pareciam-lhe igualmente pesadas e desconfortáveis, mas por muito que achasse que o melhor seria desistir e deixá-las sair livremente, forçou-se a tentar fazer com que desaparecessem.

Quando estava prestes a perder a luta, vislumbrou Continuar a ler

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Short stories

Dias de Chuva

Arjun não se lembrava de quando ou como tinha começado a odiar os dias de chuva. Quando era criança, os dias de chuva eram tão bons como os soalheiros, com a particularidade de saltar em todas as poças de água como se estivesse a jogar à macaca, no regresso a casa após mais um dia de escola. Nesses tempos, os dias de chuva cheiravam como a sua cama quando a mãe acabava de a fazer de lavado.

Naquele dia chovia furiosamente. Era um daqueles dias desconfortáveis que pareciam não trazer nada de novo, certamente nada de bom. Continuar a ler

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Short stories

O canto d’A Maldição da Sereia

Oliver estava a agir de forma muito estranha nos últimos dois dias. Mal olhava para ela e as únicas palavras que lhe dirigia eram respostas curtas, de preferência monossilábicas a perguntas que ela lhe colocava aqui e ali, primeiro por estranhar e, mais tarde, já para o testar. Não era, de todo, um traço habitual da personalidade de Oliver.

Liz desistiu de tentar arrancar-lhe o que quer que fosse pela via indirecta das perguntas genéricas e preparou-se para o confrontar, mas Oliver adiantou-se:

– Preciso que venhas comigo a um sítio. – anunciou de semblante carregado, fitando as pequenas ondas que beijavam a areia.
– Ah sim? Vais dizer-me onde ou vou ter que continuar o questionário? – Liz começava a perder a paciência.
Shark fin*.

Não foi preciso dizer para quê, mas para que não restassem dúvidas, Oliver acrescentou: Continuar a ler

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Sem categoria

O destino de Sigewulf

Permanecera aparentemente incólume a todos os acontecimentos recentes em torno da sentença do rei. Não era todos os dias que um rei era condenado ao exílio e destituído não só de poder, mas de qualquer vestígio de tudo o que fora e conhecera. Mas se havia rei que merecia tal castigo esse rei era Sigewulf.
A pena, ainda assim, tinha sido mínima para o crime que cometera, diziam uns. Para outros, incluindo o próprio Sigewulf, aquele era um castigo pior que a morte. Sigrid sabia-o, vira-o nos seus olhos e sentira a dor que lhe ia na alma, ainda que a sua voz não a demonstrasse quando sugeriu a execução rápida em vez Continuar a ler

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Dúvidas existenciais, Escrita criativa

O quarto de infância

Sofro de impaciência crónica. Passo 90% do meu tempo a tentar escapar de uma qualquer situação para ir para a seguinte, por mais que tenha ansiado pela chegada da primeira. Parece que a única coisa que me move é a expectativa de algo e não a coisa em si. Nunca percebi porque sou assim, daí nunca ter conseguido corrigir este meu grande defeito. Continuar a ler

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Dúvidas existenciais, Short stories

Vozes que se ouvem no silêncio

Pensei ver-te naquele dia a sair do metro. Tu sabes que dia era. Tu estavas a entrar, eu ia a sair. Se é que eras mesmo tu. Algo dentro de mim diz-me que sim, que eras tu, mesmo que não te tenha olhado nos olhos. Senti um par de olhos posto em mim de forma intencional e não da forma como os passageiros do metro pousam os olhos no infinito num jeito triste de submissão às Continuar a ler

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Escrita criativa, Estórias

Celeste Seabra e o homem do coelho-caramelo

Celeste Seabra celebrava o seu vigésimo quinto aniversário dali a dois dias. Os últimos cinco dos oito quilos ganhos durante o último ano de mestrado não haviam recebido convite, mas ainda assim juntar-se-iam à festa, cuidadosamente enlatados dentro de uma cinta elástica, mas pouco, comprada no dia anterior.

Apesar de tudo, Celeste vestia bem as novas curvas, que abraçavam de uma forma historicamente feminina as suas coxas e traseiro, mas que tinham feito o favor de deixar – em grande parte – a sua cintura em paz. Continuar a ler

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