Desprendeu-se com cuidado do abraço adormecido de Rüdiger e levantou-se.
Não aguentava a visão da faixa vermelha do seu uniforme, nem saber que dali a horas acordaria e a veria à luz da manhã, com todos os pormenores daquele símbolo imundo. Decidiu atirar o vestido preto que usara na noite anterior para cima do uniforme, pelo menos de forma a tapar aquela monstruosidade.
O que sentia era algo indescritível aliado a um sentimento de culpa e vergonha. Por um lado, tinha feito o que lhe havia sido pedido, mas por outro… fora demasiado longe.
A missão que lhe tinha sido atribuída pela Frau Engelberg fora a de seduzir Rüdiger Eckhardt, um soldado recentemente condecorado pela sua ‘bravura em combate’, se se podia chamar bravura àquilo. Mas para os homens do Reich, Herr Eckhardt era um herói. Um herói que – encurralado pelas tropas inimigas – conseguira derrotar sozinho dezenas (“centenas”, diziam uns) de homens armados. Um herói que era a personificação de tudo o que odiava; que tinha no brilho dos olhos o reflexo das vidas que ceifara. Um herói que defendia a causa que chacinara os seus amigos sem qualquer réstia de humanidade. Continuar a ler →